Lei do Bem: o caminho estratégico para reduzir tributos e ampliar competitividade

Compartilhe:

Conteúdo

No Brasil, falar em inovação muitas vezes vem acompanhado de um desafio: como financiar projetos de P&D sem sufocar o caixa da empresa?
A resposta pode estar em uma legislação que, embora exista desde 2005, ainda é pouco explorada: a Lei nº 11.196/2005, mais conhecida como Lei do Bem.

O que é a Lei do Bem?

A Lei do Bem concede incentivos fiscais federais para empresas que investem em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) – exceto datacenters e de serviços específicos de tecnologia da informação, que possuem regimes especiais que beneficiam a atividade (REPES e REDATA).

O principal benefício é a possibilidade de reduzir de 60 à 80% dos gastos em P&D no cálculo da base em que incidirá sobre o IRPJ e até 20% do que incidirá sobre a CSLL, à depender de critérios definidos em regulamento, como por exemplo, gastos com pessoal.

  • Em termos práticos: a cada R$ 1 milhão investido em inovação, a empresa pode reduzir da base de cálculo R$ 600 mil.

Sendo assim, se antes minha base era R$ 1 milhão, ela passará à ser R$ 400 mil, que por consequência reduzirá consideravelmente o imposto que há de ser pago.

Dados recentes que reforçam sua relevância

  • Em 2023, o programa beneficiou 3.878 empresas, com 13.638 projetos, totalizando R$ 41,9 bilhões em investimentos em inovação e cerca de R$ 10 bilhões em renúncia fiscal (MCTI, 2025).
  • Em 2021, os investimentos declarados eram de R$ 27,2 bilhões, ou seja, houve um crescimento superior a 50% em apenas dois anos.
  • Para cada R$ 1 concedido em benefício fiscal, são mobilizados aproximadamente R$ 4 em investimento privado em inovação.
  • Desde sua criação, a Lei do Bem já beneficiou mais de 5.000 empresas, com investimentos acumulados que superam R$ 100 bilhões.

Esses números comprovam que o incentivo não apenas reduz a carga tributária, mas também impulsiona a competitividade do setor produtivo brasileiro.

Exemplos práticos de aplicação

A Lei do Bem não é restrita a um setor específico. Sempre que há inovação, há potencial de enquadramento. Alguns exemplos:

SetorProjeto de inovaçãoBenefício
Software & AutomaçãoAlgoritmos de logística inteligenteRedução de custos + economia fiscal
Eletroeletrônicos / IoTSensores para automação predialInovação de produto elegível
Agro & BiotecnologiaBiofertilizantes para substituir químicosSustentabilidade + incentivo fiscal
Saúde & FarmacêuticoNova formulação de medicamentosP&D experimental enquadrado
Alimentos & EmbalagemEmbalagens biodegradáveisCompetitividade e sustentabilidade

Pontos de atenção

Apesar de atrativa, a Lei do Bem exige cuidados técnicos e tributários para garantir segurança. Vamos à algumas premissas para uso do incentivo:

  • Apenas empresas no Lucro Real podem ser habilitadas para uso do benefício;
  • É imprescindível manter documentação técnica detalhada de cada projeto;
  • Os projetos devem comprovar caráter experimental e inovador, não podendo ser apenas rotinas de mercado;
  • O MCTI analisa os projetos e pode recusar despesas mal fundamentadas e/ou que não sejam enxergadas como Desenvolvimento/Pesquisa/Inovação.
  • Em 2025, o novo FormP&D foi implementado para padronizar as declarações e reduzir inconsistências, tal como um ganho de eficiência nas apreciações dos projetos enviados.

Ou seja, não basta investir em inovação: é preciso estruturar corretamente a forma de apresentação ao fisco e aos órgãos competentes.

Por que a Lei do Bem é estratégica?

A Lei do Bem vai além da economia tributária.
Ela é uma ferramenta estratégica que permite às empresas:

  • Reduzir custos com P&D;
  • Reinvestir em novos projetos de inovação;
  • Aumentar competitividade frente a concorrentes;
  • Transformar a carga tributária em alavanca de crescimento sustentável.

Em um país com carga tributária elevada, adotar a Lei do Bem pode ser o diferencial que separa empresas que apenas sobrevivem das que realmente crescem e inovam.

Conclusão

A Lei do Bem não é apenas sobre pagar menos impostos.
É sobre usar a legislação como um instrumento para inovar mais, competir melhor e crescer de forma sustentável.

Vale ressaltar também que, ainda em cenário de reforma tributária, por se referir à tributos que incidem sobre a renda (Lucro), o benefício manter-se-á, mesmo com a implementação da reforma.

E você, já avaliou se os projetos da sua empresa podem se enquadrar na Lei do Bem?
Talvez a sua empresa esteja deixando dinheiro e inovação na mesa.

Nossa equipe de consultoria tributária conta com especialistas que podem apoiar sua empresa na estruturação, documentação e enquadramento de projetos de P&D, garantindo a correta utilização dos benefícios da Lei do Bem.

Conteúdo relacionado: