A Black Friday já virou data oficial no calendário do varejo brasileiro. É o momento em que os consumidores estão mais atentos e, também, mais exigentes. Para as empresas, representa uma grande oportunidade de aumentar vendas, girar estoque, conquistar novos clientes e consolidar sua marca no mercado.
Mas junto da oportunidade surgem as obrigações capazes de responsabilizar severamente o fornecedor. O descumprimento da legislação e promoções mal planejadas podem gerar sérios problemas, desde reclamações em massa nas redes sociais até processos administrativos e judiciais, capazes de comprometer a imagem da empresa e resultar na aplicação de multas e condenações de alto valor.
A boa notícia é que, com planejamento e respaldo jurídico adequado, é totalmente possível realizar uma Black Friday competitiva, segura e em total conformidade com a legislação.
A transparência é crucial
Uma regra substancial na Black Friday é a seguinte: prometeu, cumpra!
O desconto anunciado deve ser real, verificável e sem pegadinhas. Aquela velha prática de “aumentar para depois reduzir” não é mais novidade e já se tornou alvo de autuações e até de campanhas públicas de exposição de empresas.
Por isso, mantenha um histórico real de preços, mostre claramente o valor anterior e o atual e evite expressões genéricas como “até 70%”, quando, na prática, poucos produtos atingem esse patamar.
Transparência, nesse contexto, não é apenas uma boa prática, é uma estratégia de reputação e de redução de riscos.
Regras claras e acessíveis
Toda promoção com condições específicas, seja quantidade limitada, período restrito ou produtos participantes , precisa ter essas informações apresentadas de forma clara e acessível.
Esconder detalhes em letras miúdas ou rodapés extensos pode ser interpretado como prática abusiva, especialmente quando o consumidor se sente enganado.
Certifique-se de que estejam bem definidos e comunicados: as regras de uso de cupons e descontos, os prazos de entrega, a política de trocas e devoluções e o estoque real disponível. Na Black Friday, a clareza é o melhor antídoto contra o contencioso.
Comunicação consistente com o consumidor
O aumento expressivo de vendas durante a Black Friday é esperado e positivo. O problema, no entanto, surge quando o atendimento ao cliente não acompanha esse crescimento.
Canais sobrecarregados, respostas automáticas e atrasos nas entregas podem transformar um resultado promissor em um cenário de crise reputacional e financeira.
A falta de devido atendimento ao cliente pode fazer com que reclamações administrativas e judiciais se multiplicam rapidamente e, muitas vezes, anulam o ganho financeiro obtido com a promoção.
Por isso, é fundamental que a comunicação com o consumidor seja consistente, empática e estruturada para absorver o aumento da demanda. Vender mais exige atender melhor, portanto, planeje-se para isso!
Fiscalização mais rigorosa
Outro fator importante é o aumento da fiscalização pelos órgãos de defesa do consumidor e de controle de mercado. Procon, Senacon e Ministério Público costumam intensificar a vigilância durante o período, e empresas que descuidam dos detalhes acabam invertendo o cenário positivo esperado pela Black Friday.
Determinadas irregularidades podem passara despercebidas pelo fornecedor. Portanto, se houver qualquer dúvida sobre a regularidade das ofertas, corrija antes de divulgar.
Revise preços, prazos de validade, autorizações, descrições de produtos e políticas comerciais.
Construa bom relacionamento com cliente, prestando todo respaldo necessário, sempre atento aos prazos e procedimentos estabelecido pela legislação vigente.
A prevenção é sempre mais barata e mais estratégica do que a defesa posterior.
Conclusão
A Black Friday é, sim, uma grande oportunidade de negócios. Mas é também um momento de prova de maturidade empresarial.
As companhias que se planejam, estruturam suas campanhas com clareza e respeitam o consumidor não apenas vendem mais — elas constroem marcas sólidas e confiáveis.
Além disso, o planejamento devidamente acompanhado de respaldo jurídico diminui riscos que, passada a Black Friday, continuarão por existir e inverter o saldo positivo da alta demanda.